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terça-feira, 17 de maio de 2011

Sentimentos misturados...

   A capacidade de sentir com consciência é que nos torna humanos, e os sentimentos que carregamos dentro de nós são tão diferentes, e tão misturados... Bons, ruins, intensos, sutis. Não existe um armário dentro de nós com gavetas dividindo esses sentimentos por tamanho, importância, necessidade, gênero, grau e etc... Para quando precisarmos de algum especifico simplesmente abrir uma das gavetas etiquetadas por ordem alfabética e de lá tirar aquele necessário para o momento exato, sem o risco de errar o sentimento ou a dose. Eles dividem o mesmo espaço, são bem desorganizados, e vivem brigando entre si para se sobressair. Às vezes os que sobressaem nem sempre nos agrada, mas direta ou indiretamente somos responsáveis por aqueles que na briga interna se pôs pra fora.

  Sempre peço a Deus para nunca me deixar ficar insensível, não perder minha capacidade de sentir... Sentir um olhar, um gesto, um toque. E às vezes tudo o que eu mais desejo é não sentir absolutamente nada, me tornar pedra, pura e simplesmente...
   O fato de eu sentir, me faz vulnerável, me deixa exposta e isso sempre me machuca, é como se eu estivesse na linha de frente de uma guerra, sem armas, sem escudo, apenas lá, combatendo e lutando por algo que eu acredito, absolutamente entregue ao sentimento... Nunca ganhei essa tal guerra, algumas batalhas, talvez... Já me feri, já amputei partes de mim, já pensei que fosse morrer, já quis morrer... Já sai cambaleante catando os pedaços dos sonhos, das ilusões e de mim mesma.
   Descobri que não se morre de amor, mas se vive dele. Descobri que em cada perca tem também seus ganhos, muito embora só comecei a perceber esses “ganhos” muito, muito tempo depois, depois que o barulho cessou, que a fumaça que encobria minha visão se dissipou, depois que a dor passou... Depois de ficar muito tempo em stadby, esperando que minhas energias fossem recarregadas, aí sim eu pude pegar todos os fragmentos que juntei ao longo do campo de batalha, e moldar, dar nova forma, novo aspecto, me refazendo, aprendendo com os erros e somando os possíveis ganhos.
   Depois da guerra, o que sobra é lembranças... Boas, ruins, sempre se confundem, se fundem. E eu... bem, eu me torno pedra! Descrente da vida, cética quanto aos sentimentos, incapaz de enxergar o belo, de sentir de forma sutil, passo a funcionar no modus operand. Quando estou nesse momento pedra de ser, dificilmente sou ferida, atingida, machucada, minha armadura fica impenetrável, esse é o lado bom de ser tornar pedra , nada passa por ela (Interessante vestir armadura depois que não esta mais na guerra...), mas é o que mais acontece por aí, eu acho... Porque nunca temos noção do tamanho do impacto, até que tenhamos sido atingidos, e depois que somos atingidos, ficamos com medo... Enfim, o ruim é que esse medo, essa armadura, esse modo pedra de ser, também me priva do que seria bom...
  E assim sigo, ora sendo pedra estilhaçando muitas vidraças, e ora sendo vidraça, sendo estilhaçada por muitas pedras.

LRBueno.